Em 2024, a construtora e incorporadora Direcional registrou um lucro líquido de R$ 638 milhões, um incremento de 93% sobre os resultados apurados no ano anterior. Foi, segundo o seu CEO, Ricardo Gontijo, “o melhor ano da história da empresa”. No quarto trimestre, o lucro líquido contabilizado foi recorde, chegando a R$ 181 milhões, alta de 82% na comparação anual.
Apesar dos resultados espetaculares e do otimismo natural, a companhia vê 2025 como um ano desafiador. Segundo Gontijo, o maior gargalo é o custo do capital, que considera “proibitivo”, com uma taxa de dois dígitos que pode, ainda neste ano, alcançar a marca de 15%. Ele também se mostra preocupado com a inflação, em especial da mão de obra do setor. A inflação do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) ficou em 7,18% no acumulado de 12 meses (até fevereiro), mais do que o dobro dos 3,23% do mesmo período do ano anterior.
“Estamos operando em um nível maior de cautela devido a esses dois fatores. Embora seja difícil dizer em um cenário de alta volatilidade, atualmente não tem algo que acenda uma luz amarela do ponto de vista da rentabilidade. Não estou vendo uma variável [de risco] que não esteja prevista na nossa operação”, disse o executivo, em entrevista ao portal Bloomberg Línea.
Segundo Gontijo, a Direcional tem procurado ser mais seletiva quando aloca recursos e escolhe os projetos que sairão do papel. No entanto, a construtora e incorporadora adota um método de construção industrializado, utilizando formas de alumínio para erguer paredes de concreto, barateando sua produção e diminuindo, segundo seus cálculos, em 50% o tempo de obra na fase de estruturação. “Se utilizássemos um processo construtivo mais artesanal, certamente o impacto dessa escassez de mão de obra seria maior do que é atualmente”, reconhece.
Por fim, a companhia diz que reforçará, este ano, sua atuação no programa Minha Casa, Minha Vida. “Queremos ter o maior número possível de unidades elegíveis ao programa Minha Casa, Minha Vida, que é no qual percebemos uma resiliência maior da demanda pelo nosso produto”, revela o CEO.