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Apesar dos juros altos e dos elevados saques da poupança, Abecip acredita que mercado imobiliário está mais resiliente

Abrainc propõe ao BC elevação do volume de recursos da poupança destinado ao crédito imobiliário

“Os números do início do ano sinalizam que caminhamos para fechar o terceiro melhor ano da história”. A afirmação é do Presidente da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Ramos Neto, para quem os elevados saques da poupança nos últimos dois anos soam como um sinal de alerta para o crédito imobiliário, mas não arranharam a demanda forte, apesar dos juros altos. A Abecip pontua que a fatia do mercado de capitais no funding do setor subiu de 26,6%, em 2021, para 34% no fim do ano passado, enquanto a da caderneta recuou de 46% para 40% e a do FGTS oscilou pouco, ficando em 26,2%.

Ao contrário da crise de 2016/2017, quando os financiamentos habitacionais recuaram  assustadores 60%, desta vez a Abecip acredita que o setor está mais resiliente e o mercado tende a manter um ritmo de concessões neste ano mais perto do topo histórico que do vale. A entidade pontua que janeiro foi o terceiro melhor primeiro mês da série histórica em concessões de crédito imobiliário com recursos da poupança, o SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo), chegando a R$ 11,9 bilhões em financiamentos imobiliários. A projeção é que 2023 feche com concessões de R$ 156 bilhões oriundas de recursos funding da poupança.

Diante da alta dos juros, o mercado sinaliza um cenário de maior restrição. Especialistas dizem que a Caixa, em janeiro foi responsável por 49% das concessões de crédito imobiliário, deve reduzir esse volume pela metade. O próprio mercado se mostra mais seletivo na aprovação do crédito, acrescentam os especialistas. Os saques da poupança, crescentes, preocupam o setor.

A Associação Brasileira das Incorporadoras (Abrainc) enviou proposta ao Banco Central de elevação do volume de recursos da poupança destinado ao crédito imobiliário. “Quando tivemos juros de 18% ao ano [entre 2000 e 2005], a caderneta possibilitou às pessoas adquirir imóvel com taxas perto de um dígito”, ponderou seu Presidente, Luiz França. O executivo defende a proposta diante da perspectiva da taxa Selic permanecer elevada até 2024. “O custo do mercado inviabiliza operação de aquisição de imóvel e o funding da poupança está chegando no limite, então, enquanto o país não tiver uma taxa de juros de um dígito, para que o mercado não corra risco de travar, é preciso que o BC reduza o compulsório da poupança de 35% para 30% [direcionando 70% do saldo da caderneta]”, disse, ao jornal Valor Econômico. “O acesso ao mercado de capitais tem crescido dentro do setor de incorporação. As empresas de menor porte, por exemplo, têm conseguido acesso ao mercado de dívida para se financiar”, finalizou ele.

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