A Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) acredita que até o fim deste ano o financiamento imobiliário chegue a um volume recorde de R$ 260 bilhões, mesmo com a taxa Selic voltando aos dois dígitos. Em 2021, o volume apurado foi de R$ 255 bilhões, o que representou um crescimento de 46% frente ao ano anterior.
– Teremos o segundo melhor ano da história. Em 2020 e 2021, tivemos um crescimento muito forte. Podemos dizer em que 2022 andaremos de lado, mas, mesmo assim, esperamos recordes em volume- afirmou o novo Presidente da entidade, José Ramos Rocha Neto, à Exame Invest.
De acordo com a Abecip, as incorporadoras estão em um ciclo de crescimento, com previsão de um alto número de entregas de novos imóveis até 2023, e as ofertas serão absorvidas pelo mercado porque o estoque de imóveis no país ainda é baixo. O déficit habitacional, hoje calculado em sete milhões de habitações, ao lado do histórico de baixa de inadimplência nas carteiras voltadas para o financiamento imobiliário, o que faz com que os bancos mantenham as ofertas, também explicam o otimismo da entidade.
– Com o cenário de hipoteca, os bancos demoraram anos para retomar o imóvel. Hoje, com a alienação fiduciária, são cerca de sete meses [em caso de atraso nas prestações]. Isso traz uma segurança jurídica muito boa e dá espaço para taxas baixas e aumento da concorrência entre as instituições – explicou o executivo.
Rocha Neto salientou que a desaceleração do PIB brasileiro, o aumento da taxa de desemprego e a alta da inflação são pontos que podem impactar o mercado imobiliário de forma negativa. Ele lembrou que há um movimento natural de postergação da compra de imóveis quando os níveis de confiança dos consumidores estão baixos. E que diante de uma taxa de juro maior, por conta da alta da Selic, o consumidor faz contas para definir se vale a pena comprar um imóvel ou continuar morando de aluguel.
O Presidente da Abecip destacou, ainda a importância da expansão dos mecanismos de funding para o setor de crédito imobiliário no país nos próximos anos. Neste ano, a entidade prevê que os empréstimos com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) devem cair 5%, para R$ 195 bilhões. Rocha Neto acredita que a poupança continuará mantendo seu papel de relevância na oferta de crédito, mas que é previsível o aumento dos financiamentos provenientes de outras formas de captação, como, por exemplo, as Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs), um novo ativo de renda fixa que ganhou espaço no ano passado.
– O próprio Banco Central tem estimulado que os setores busquem fontes alternativas de funding. A intenção é que reduza diminua o contingenciamento. Isso é bom para o setor e para os investidores – disse ele.
Publicado em 03/03/2022