Criada para oferecer crédito com garantia imobiliária, a fintech CashMe, da Cyrela, também quer faturar em cima do financiamento da casa própria. A CashMe não tem acesso à poupança, o que lhe toma um pouco de competitividade, mas o objetivo é atuar em um nicho de cliente que não tem, hoje, acesso às linhas de financiamento habitacional tradicionais. A fintech pretende utilizar com vantagem competitiva a análise de apenas dois dias que oferece ao pretendente para o financiamento.
“Os bancos têm um funding ultracompetitivo, que vem da caderneta, e por isso com taxas mais baixas do que conseguimos praticar. Mas a gente entra onde os bancos não conseguem operar ou ganhar escala. Não é o cliente negativado, mas aquele que o banco não consegue entender e avaliar, como quem tem renda ou mesmo residência fora do Brasil e quer comprar imóvel aqui”, explicou Juliano Bello, cofundador da CashMe, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
A CashMe também quer, como cliente, executivos que têm remuneração variável e com salário fixo baixo, além da compra de imóveis por três ou quatro pessoas, um financiamento mais complexo que muitos bancos costumam evitar. “Conseguimos fazer os processos com assinatura e certificação digital, de qualquer país, e adequar o pagamento ao fluxo de caixa do cliente. Se ele ganha um bônus no fim do ano e essa é a maior parte da renda dele, pode pagar uma grande parcela uma vez por ano”, adianta Bello.
Criada há três anos, a CashMe sempre atuou com uma operação independente da Cyrela. A especialização e experiência da equipe permitiu que a fintech passasse a atuar com home equity. “Nossa missão era transformar esse produto em algo tão simples quanto um consignado, mas o crescimento foi numa velocidade maior do que imaginávamos. Hoje estamos entre os maiores de home equity, atrás de Santander e Bradesco”, garante o executivo.
Segundo a CashMe, sua carteira de home equity fechará o ano em torno de R$ 1 bilhão. “Um produto complementar em fase piloto é o ConstruCash, para financiar a construção de casas em loteamentos. É difícil capital para isso, praticamente só a Caixa faz, pela complexidade de concessão”, adianta Bello. Segundo ele, são 30 operações do tipo na fase piloto, com liberação dos recursos conforme a evolução da obra.
Lançado em outubro, o financiamento imobiliário é visto como um excelente negócio pela fintech, que espera alcançar uma carteira de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões para o produto em 2022.
Publicado em 02/11/2021