A indústria da construção civil trabalhava com boas perspectivas de crescimento esse ano, por conta da retomada do crédito imobiliário e a queda dos juros. Mas a crise do novo coronavírus deve prejudicar os resultados das construtoras nos próximos trimestres. Especialistas acreditam que a desaceleração da economia provocará uma queda na compra de imóveis, o que deve aumentar os estoques disponíveis, paralisação de lançamentos e suspensão de obras ainda na planta. O setor também teme o aumento da inadimplência. “O setor deverá ser altamente impactado no curto e médio prazo, em função da redução do poder de compra aliado a diminuição da confiança do consumidor, que deve se estender. Destacamos ainda expectativas de demissões em massa, reduzindo o acesso a créditos mais baratos e o uso do FGTS para outras finalidades que não a compra de imóveis”, disse Julia Monteiro, Analista da MyCAP, ao jornal O Estado de São Paulo. “Claramente as medidas de isolamento social terão impacto sobre os resultados das construtoras, mas a magnitude e a duração serão diferentes entre os segmentos. Além disso, como a construção civil foi responsável por 11% do total de empregos criados no Brasil em 2019, o governo deve ser mais suscetível a ajudar o setor durante e após a pandemia”, afirmou Renato Chanes, Estrategista de Pessoa Física da Santander Corretora. “Esperamos uma queda no ritmo de lançamentos, principalmente no segundo e terceiro trimestres de 2020, com uma possível retomada no final do ano e começo de 2021. Mesmo em um cenário de taxa de juros em patamares baixos, avaliamos que a busca por ativos mais líquidos e recuperação ainda lenta no segundo semestre serão os principais pontos para o fraco desempenho”, completou o Analista da Guide Investimentos Luis Sales, também ouvido pelo jornal paulista.
Publicado em 04/05/2020