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Maria Rita Serrano, nova Presidente da Caixa: “habitação continuará sendo o carro-chefe do banco”

Executiva disse que encontrou “um banco desestruturado, com sérios problemas em tecnologia e falta de investimentos”

Em entrevista exclusiva concedida ao jornal O Globo, a primeira desde que tomou posse, a nova Presidente da Caixa, Maria Rita Serrano, disse que encontrou sérios problemas de tecnologia ao assumir o banco e que a falta de investimentos reduz a agilidade e prejudica o atendimento ao cliente. Também fez questão de dizer que a taxa de juros muito alta penaliza mais a Caixa e os clientes, porque os bancos concorrentes ganham ao aplicar no mercado financeiro, enquanto a instituição é um banco social do governo.

“Encontramos um banco desestruturado, com sérios problemas em tecnologia e falta de investimentos. Do ponto de vista dos empregados, a gestão pelo medo foi muito forte. Pretendemos mudar essa cultura. A rotatividade de cargos causou um problema sério porque perdemos a continuidade das operações em alguns setores. Muita gente jovem ascendendo na carreira sem preparo. Muita gente foi defenestrada. Estamos encontrando profissionais muito qualificados que hoje estão como técnicos bancários em agências. Foi uma politica terrível na qual o banco perdeu a sua inteligência”, disse ela ao O Globo.

Sobre a falta de investimentos em tecnologia – uma de suas principais queixas – Maria Rita afirmou que uma das consequências é a lentidão dos sistemas. “Com equipamentos completamente obsoletos, você atende mal os clientes porque não tem agilidade necessária. O sistema pode ficar fora do ar. Na quarta-feira (da semana passada), por exemplo, o Pix da Caixa ficou fora uma hora e meia. É inconcebível um banco desse tamanho ter parado seus investimentos em equipamentos e sistema. Será feita a troca dos equipamentos. Nós encerramos o processo seletivo para quatro vice-presidentes e dentre eles, o de Tecnologia. Estamos em andamento com vários processos licitatórios para a compra de equipamentos. Vamos revisar até março todo o planejamento estratégico do banco”, garantiu ela.

A Presidente da Caixa garantiu que o banco não tem problemas de liquidez, mas disse que já pediu ajuda ao Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para alongar por mais oito anos a devolução de R$ 20 bilhões em IHCDs (Instrumento Híbrido de Capital de Dívida), que o Tribunal de Contas (TCU) determinou, em um prazo de quatro anos. “Como o resultado é menor e a necessidade de investir em algumas áreas é maior, a realidade vai impor limites nas operações”, lamentou.

“Habitação continuará sendo o carro-chefe do banco. Vamos focar em micro, pequena e média empresa, porque o grande investidor tem outras opções de mercado”, anunciou Maria Rita. “Hoje temos problemas com as duas principais fontes de recursos, que são a poupança e o FGTS. A poupança perdeu R$ 33 bilhões em janeiro, sendo que R$ 12 bilhões foram na Caixa. O saque do FGTS vem aumentando muito com demissões e a política de saques sucessivos. Se esse cenário de taxas de juros continuar e o país não gerar emprego, vamos ter problemas de funding. Outra saída é usar recursos mais caros, como LCI (um tipo de investimento em renda fixa para o setor imobiliário). Mas no caso da habitação, o financiamento fica caro e inviável”, explicou.

A executiva informou, ainda, que não pretende fechar agências, tampouco expandir a rede. Por fim, garantiu que não haverá indicações políticas na Caixa. “As indicações vão passar por processo seletivo no mercado, os nomes passam pelo comitê de elegibilidade e pelo Conselho de Administração. Qualquer pessoa que atenda aos critérios pode participar sem problema algum, o processo é aberto. Não vejo problema”. O Globo ainda perguntou sobre as investigações contra o ex-Presidente, Pedro Guimarães, por assédio sexual e moral. Maria Rita se limitou a responder que estas investigações foram concluídas e estão à disposição da Justiça.

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