O exercício da profissão de corretor de imóveis no Brasil passou a ser permitido para mulheres somente em março de 1958, e de lá para cá muita coisa mudou. Mas a representatividade feminina ainda é muito desigual. Entre 2003 e 2013, o número de corretoras cresceu 144%, o que é um avanço considerável, mas de acordo com uma pesquisa do COFECI (Conselho Federal de Corretores de Imóveis), as mulheres ocupam apenas 30% das vagas de corretores que atual legalmente na profissão. Ou seja, para cada dez corretores, sete são homens.
O estudo intitulado Mulheres no Mercado Imobiliário, realizado pela Datastore em parceria com a especialista em marketing imobiliário Raquel Trevisan e o movimento Mulheres do Imobiliário, apontou que 93% das entrevistadas percebem que há conquistas significativas nos últimos anos e 39% têm a percepção de que conseguirem as mesmas oportunidades que os homens. No entanto, tão somente 28% citaram que os cargos de liderança são ocupados por mulheres.
De acordo com o estuado, 61% das entrevistadas disseram que já sofreram assédio sexual, moral ou verbal no trabalho e 21% não denunciaram a situação por medo de perder o emprego e por não acreditarem na punição dos responsáveis. E mais: 44% tiveram dificuldade para retornar ao trabalho após a maternidade e 61% acreditam que ser mãe e profissional no setor de imóveis ainda é um tabu.
“O mercado imobiliário é machista, masculino e masculinizado. Machista porque ainda mantém a mulher como coadjuvante, masculino porque é majoritariamente composto por homens – uma voz masculina e branca, aliás – e masculinizado porque as mulheres precisam usar instrumentos masculinos para se desenvolver no mercado, eliminando características mais típicas delas, como empatia e sensibilidade”, garante Elisa Tawil, idealizadora do Mulheres do Imobiliário.
Publicado em 02/11/2021