– Temos a poupança que claramente estava tendo um momento ruim, e como é que você contrabalança a poupança? Com a LCI. E aí, o que fizeram? Passaram a captação para 360 dias. Não existe dinheiro suficiente para 2025. O FGTS, que está salvando o nosso segmento, está sendo atacado. O saque-aniversário vai comprometer o orçamento futuro do FGTS, e de uma maneira ruim, porque você pega o saque-aniversário para pagar uma dívida e gastar o dinheiro de uma vez. Se você pega o dinheiro do FGTS e investe na habitação, além de você propiciar o desenvolvimento econômico e social para aquela unidade, aquilo retorna para o sistema.
A afirmação é do fundador e atual Presidente da MRV Engenharia, Rubens Menin, feita durante o evento Summit Imobiliário 2024, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, em parceria com o Secovi-SP no final de novembro. Para Menin, que também fundou o Banco Inter, os números de 2024 indicam um dos melhores anos para o setor, no entanto a preocupação com o funding continua assombrando os empresários da construção civil. Menin defendeu que a captação de recursos para o crédito imobiliário em 2025 deve ser o ponto de maior atenção, necessitando de ajustes.
O executivo fez questão de pontuar que conhece os dois lados da moeda, pois foi banqueiro e hoje comanda uma das maiores construtoras do país. Segundo ele, os bancos surfam bem na onda dos saques, mas no futuro isso trará prejuízo para todos. Menin aproveitou sua fala para criticar a mudança promovida pelo Conselho Monetário Nacional, restringindo o lastro e alterando os prazos das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), utilizadas também para captação imobiliária.
– O Brasil comunica muito mal. Anuncia pacote de gastos, mas junto com ele tem que vir algo político. É importante cortar, mas tem que ter compromisso com o corte – finalizou Menin, referindo-se ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.