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Oliveira Trust investe em tokenização

Segundo a empresa, a tokenização melhorará as operações de debêntures estruturadas e as de fundos de investimentos, aumentando o universo de clientes

Criada há 32 anos como uma distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) com foco em intermediação, a Oliveira Trust  cresceu muito no segmento de representação de credores e administração de fundos e, hoje, é composta por cinco empresas, administra um patrimônio de R$ 150 bilhões, abriu o capital na CVM em 2021 e pretende realizar um IPO, possivelmente no ano que vem. A novidade da vez é o investimento em tokenização, até aqui utilizada majoritariamente por startups e empresas mais novas.

A Oliveira Trust já realizou dois investimentos em empresas ligadas à tokenização – a Liqi e a Bee4, tokenizadoras responsáveis por organizar e realizar o processo de criar uma cópia digital e inserida em um blockchain de ativos reais. Agora, a companhia prevê novas investidas. “Hoje, uma debênture está muito limitada a empresas de capital aberto, e fundos de investimentos têm um universo maior. A gente vê a tokenização como uma terceira via, uma evolução das operações de securitização para o mercado que vai permitir que atinja um número muito maior de empresas interessadas em vender ativos e um universo muito maior de investidores”, garante seu CEO, Alexandre Freitas.

Segundo Freitas, por meio da tokenização, a Oliveira Trust melhorará – e muito –  as operações de debêntures estruturadas e as de fundos de investimento, aumentando o universo de clientes e as empresas atendidas. A empresa acredita que essa tendência se dissemine no mercado, mas, até lá, será bem-sucedida principalmente com a nova geração de investidores, que sabe lidar com ativos digitais.

“Quando você pensa em uma emissão de debêntures, de um fundo estruturado, tem um custo alto que contempla todos os participantes da estrutura e o cumprimento regulatório que exige. Esse custo mais elevado inviabiliza a entrada de empresas e operações de pequeno e médio porte. Tem o custo bancário também para distribuir esses valores mobiliários”, aponta o executivo, destacando a redução de custos que a tokenização permite. “Quando vai para a tokenização, a venda ocorre até em minutos, de forma direta entre a empresa emissora e o investidor final, com valores muito mais variáveis. É muito rápido, direto, com custos menores, conseguindo atender o cliente de pequeno e médio”, garante.

Freitas destaca, porém, que a novidade ainda traz riscos por conta da ausência de clareza regulatória para o mercado de tokens. “A gente acha que a ausência regulatória para o mercado de token é um mau negócio do ponto de vista de segurança, mas bom no sentido de atrair novos players, porque tem velocidade maior, mais vantagens de um ambiente em desenvolvimento”, diz, em entrevista à Exame. Ele lembra, porém, que com a aprovação do Marco Legal das Criptomoedas, a competência da CVM foi reforçada, e isso viabilizará a criação de normas específicas.

“O desafio é tentar levar para o público em geral, os investidores, todas as visões de risco. O retorno não é garantido, a duplicata precisa ser paga, são coisas do mundo real. A inadimplência para execução afeta em torno de 3% das operações, então 96%, 97% das operações vão conseguir rodar em dia, liquidando, sem intervenção humana, rodando no blockchain. Mas precisa informar o risco, é o que está faltando”, afirmou.

Em outubro, a Ligi anunciou ter fechado parceria com o banco Itaú, a SB Crédito e a Oliveira Trust no lançamento do primeiro TIDC, token de investimento em direitos creditórios que consiste na versão tokenizada do FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). Segundo o portal Cointelegraph Brasil, “esse fundo de investimento consiste na conversão de dívidas de vários tipos, como de aluguéis, cartões de crédito, cheques, duplicatas, recebíveis, entre outros, em forma de títulos que são repassados para investidores qualificados nos quais recebem rentabilidades no final da operação. A diferença entre um FIDC e um TIDC é que a forma tokenizada utiliza a transparência da blockchain para a operação, fato que garante mais segurança, além de reduzir os custos na estruturação do fundo já que diminui a necessidade de intermediários”.

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