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BC estuda novo formato de financiamento para a compra de imóveis até R$ 1,5 milhão

A ideia é flexibilizar o volume de recursos da poupança retido no BC e aumentar a atratividade dos contratos corrigidos pelo IPCA

Está na mesa do Presidente Lula um esboço, promovido pelo Banco Central, sobre um novo formato de financiamento para a compra de imóveis até R$ 1,5 milhão. A ideia é flexibilizar o volume de recursos da poupança retido no BC, criando um mecanismo para aumentar a atratividade dos contratos corrigidos pelo índice oficial de inflação, o IPCA. Lula está acompanhando o assunto pessoalmente, para garantir a promessa de ajudar a classe média a realizar o sonho da casa própria e aumentar seus índices de aprovação.

Os depósitos na poupança, em franca queda nos últimos cinco anos, são, ainda, a principal fonte de funding para o crédito imobiliário. Mas o cenário é cada vez mais desanimador: no final de 2021, a poupança representava 46% do funding, já no final do ano passado eram apenas 32%, segundo dados da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança – ABECIP.

Hoje, 65% dos depósitos em poupança financiam o crédito imobiliário, 20% são retidos pelo BC e os 15% restantes podem ser utilizados pelos bancos como preferirem. A ideia do BC, como uma ação de efeito mais imediato, é flexibilizar essa regra, oferecendo às instituições financeiras uma espécie de bônus de aplicação livre dos recursos da poupança, por um determinado tempo, a cada R$ 1,00 financiado para o crédito imobiliário. Ou seja, quanto mais o banco emprestar para financiar a casa própria, mais recursos da poupança poderá utilizar livremente. Tal bônus seria descontado em parte da parcela de compulsório, mas estuda-se, ainda, a possibilidade de ser retirada da fatia de direcionamento obrigatório relativa aos recursos devolvidos aos bancos após o pagamento das parcelas pelos clientes.

“Com a operação casada, haveria a ampliação dos recursos da poupança que podem ser usados para o financiamento imobiliário, mas com menor prejuízo à estratégia do BC de controle de liquidez e da inflação. O compulsório é usado pela autoridade monetária para controlar o volume de dinheiro em circulação na economia. Integrantes do governo afirmam que o potencial injetado no mercado seria entre R$ 70 bilhões a R$ 80 bilhões, fontes do mercado veem algo em torno de R$ 40 bilhões. Essa opção seria uma alternativa à simples redução da parcela de compulsório para aumentar o direcionamento obrigatório, como chegaram a defender os bancos, liderados pela Caixa, líder em crédito imobiliário. Essa possibilidade desenhada pelo BC também interessa às instituições financeiras porque libera recursos para aplicação em outras modalidades de crédito com taxas mais elevadas, o que permite maior rentabilidade. Ou seja, seria um estímulo para aumentar a parcela dos recursos aplicados na habitação”, escreveu sobre o assunto O Globo.

O BC também estuda o aumento da atratividade dos contratos corrigidos pelo IPCA. Alguns bancos já disponibilizam essa modalidade de financiamento imobiliário, com juros mais baixos, mas há baixa adesão porque o saldo devedor é atualizado mensalmente pelos índices de inflação. Do total de contratações de crédito habitacional entre janeiro de 2024 e março de 2025, apenas 2% usaram o índice de inflação como indexador. O BC pensa em criar um adicional de amortização nas prestações dos contratos corrigidos pelo IPCA.

Lula tem acompanhado tudo de muito perto, e pediu que o financiamento ofereça taxas próximas dos contratos que utilizam recursos da poupança, com taxas de juros limitadas a 12% ao ano, além da Taxa Referencial (TR). O BC e os ministérios da Cidade e da Fazenda, além da Caixa, estão envolvidos no assunto e têm conversado com entidades representativas da indústria da construção civil, do setor imobiliário e dos bancos.

“Isso impõe a necessidade de se pensar um regime de transição para um novo modelo de financiamento imobiliário, que a gente entende que deveria buscar alternativas de captação em mercado junto com outras alternativas e misturas usando os recursos que nós temos disponíveis para fazer essa transição”, disse o Presidente do BC, Gabriel Galípolo. “O que está faltando acontecer é o crédito imobiliário para a classe média, que ainda é pequeno na comparação internacional – na casa de 10% do PIB. Tem país, como o Chile, que é 30%. Temos uma avenida para percorrer, e estamos nesse movimento. Tivemos uma longa reunião com o Presidente Lula para explorar novos instrumentos de crédito imobiliário com garantia, para que o juro seja baixo e possamos alavancar essa indústria, fundamental para o país”, afirmou o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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