“O mercado imobiliário está em um nível próximo aos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) há 10 anos, mas acredito que ele possa saltar para 20% nos próximos anos”.

A previsão é do ex-Vice-presidente de Habitação na Caixa Econômica Federal, José Urbano Duarte, que defende o uso do mercado de capitais e de outras alternativas para o financiamento da casa própria. Segundo ele, a limitação para este crescimento acontecer é o atual funding do setor, com o enfraquecimento do uso de recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Somente neste ano, por exemplo, cita Urbano Duarte, a caderneta já perdeu  R$ 11,2 bilhões.

“Nesse contexto, é simples afirmar que o mercado não cresce especialmente porque as condições de financiamento impedem”, disse ele, em entrevista ao portal Money Times. Segundo ele, com o baixo rendimento oferecido pela poupança, os investimentos estão se voltando para outros produtos de renda fixa, o que é um grande desafio, porém abre oportunidades para novas alternativas de financiamento e indica maior maturidade do investidor brasileiro.

Urbano Duarte disse que o risco de escassez de recursos ainda é eminente e que o mercado precisa ter outras estruturas que ajudem a resolver este problema de forma mais profunda e estrutural. Os produtos oferecidos pelas instituições, porém, ainda possuem um custo elevado, prazos longos e não são de tão fácil acesso. “O ponto mais importante é quais são as soluções que vão vir quando estamos em uma fase inicial e para isso o mercado precisa reconhecer que existe um problema ou uma situação a ser resolvida, um desafio”, destacou o ex-executivo da Caixa.

“Os FIIs são os produtos que têm olhado mais para as oportunidades desse mercado. Os gestores desses fundos são os que mais conhecem e criam novas alternativas. Para mim é bom estar deste lado da mesa também”, disse ele, que agora é Conselheiro da Manatí, uma gestora de recursos independente especialista em investimentos alternativos para imobiliário e produtos estruturados. Urbano Duarte ressalta que diversos fundos imobiliários, principalmente os multiestratégias e de papéis, acabam sendo grandes compradores de CRIs, por exemplo, distribuídos no mercado justamente por possuírem uma capacidade maior de levar esses títulos para o vencimento, que são mais longos por conta da dinâmica do mercado, ou conseguem revender no mercado secundário.

“Quando a gente tem a capacidade analítica no detalhe de cada premissa imobiliária, custo de obra, preço de venda, velocidade de execução, velocidade de vendas, execução da própria obra, se tem ou não tem funding disponível, seja via FGTS, via poupança, através da caixa, etc… Aí a gente consegue tomar um risco adicional nessa matriz de risco, mas tendo uma rentabilidade maior”, acrescentou Eduardo Vahan Mekbekian, sócio fundador na Manatí.