O empréstimo com garantia de um imóvel, o chamado Home Equity, parece ser, mesmo, uma das melhores opções para aqueles que precisam tomar um empréstimo mas não querem encarar os juros cada vez mais altos. Há mais de 20 anos disponível no mercado, o produto tem apresentado índices de crescimento fantásticos, e a verdade é que os empréstimos com garantia de imóvel tem, ainda, um horizonte pela frente.
De acordo com a Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, no primeiro semestre deste ano o Home Equity cresceu 41%, se comparado ao mesmo período de 2023. Hoje, somam R$ 4,6 bilhões, mais do que o dobro dos menos de R$ 2 bilhões contabilizados no primeiro semestre de 2020.
– Muita gente ainda não conhece essa opção. É de 2020 para cá que os bancos começam a ter maior interesse em oferecer essa linha, ao mesmo tempo que as pessoas buscam alternativas – garante o Presidente da ABECIP, Sandro Gamba.
O Home Equity oferece taxas bem mais vantajosas, mas esbarra em duas questões que precisam ser enfrentadas: o pouco conhecimento sobre o produto e, no caso de quem conhece, o medo de perder o imóvel diante de uma possível inadimplência. Porém, é justamente essa segurança jurídica que permite aos bancos e agentes financeiros concederem o empréstimo com taxas tão atrativas: em média, os juros do Home Equity são, hoje, de 18% ao ano, uma diferença brutal dos 88% no crédito pessoal e mais de 400% no rotativo do cartão de crédito.
Outras vantagens significativas do Home Equity são o prazo e o valor a financiar. O tomador do empréstimo tem até 20 anos para quitar seu financiamento e pode pedir emprestado até 60% do valor do imóvel dado como garantia. E mais: ele pode fazer o que quiser com o dinheiro, embora o mais comum seja a quitação de dívidas mais elevadas e com juros maiores.
– É uma operação que permite que as pessoas peguem um valor alto com parcelas que cabem no orçamento – pontua o Vice-presidente de Empréstimos com Garantia da Creditas, fintech voltada a esse nicho, onde o valor médio dos empréstimos é de R$ 200 mil, com parcelas na faixa de R$ 1.500,00.
Segundo a ABECIP, a inadimplência no Home Equity é pequena, de 2,8%. No crédito comum, tal taxa é de 7% e, no rotativo do cartão, ultrapassa a casa dos 50%. A entidade e especialistas acreditam que esta modalidade de empréstimo dará um salto ainda maior este ano com a aprovação do Novo Marco das Garantias – uma das principais mudanças é a possibilidade do consumidor utilizar o mesmo imóvel para tomar mais de um empréstimo, inclusive junto a diferentes bancos ou instituições financeiras.
Um dos autores do Marco das Garantias e Vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário, Bernardo Chezzi destaca que o teto de 60% do valor do imóvel continua valendo, e funciona como uma espécie de trava para que não aconteça, aqui, a crise financeira norte-americana, em 2007, criada a partir do tamanho desproporcional que os refinanciamentos imobiliários tomaram. Chezzi lembra que “não havia controle” e que um consumidor com, por exemplo, um imóvel no valor de US$ 1 milhão, tomava o triplo desse valor. Segundo ele, os bancos e instituições financeiras estão estudando as novas regras e redesenhando seus contratos de Home Equity para uma expansão do produto.