Diante da forte redução de recursos da caderneta de poupança para o crédito imobiliário, incorporadoras de menor porte vêm ampliando as suas operações de captação de recursos via plataformas eletrônicas de investimento coletivo, conhecidas como crowdfundig. O segmento contabilizou um crescimento notável em 2024: de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o volume de operações em geral quase quadruplicou, passando de R$ 320,9 milhões em 2023 (R$ 48,5 milhões em andamento e R$ 272,4 milhões encerradas) para R$ 610,8 milhões em ofertas em andamento e R$ 774,3 milhões encerradas, registrando um total de R$ 1,385 bilhão em 2024.
E isso parece ser só o começo. De acordo com o Presidente da Associação Brasileira de Crowdfunding de Investimento (CrowdInvest), Paulo Deitos, espera-se para esse ano “um crescimento brutal”. Em reportagem sobre o assunto, o jornal Valor Econômico garante que “esse movimento, somado a novas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que ampliaram formas e valores de captação, inclusive permitindo a oferta de certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), inseriu essas plataformas no mapa dos fundos de investimento imobiliário (FIIs) e até de multi-family offices”.
– Em 2024 sentimos que o mercado estava conhecendo e se adaptando às alterações regulatórias, que aconteceram no fim de 2023. Entramos na rotina dos fundos imobiliários e no ano que vem mais gente vai perceber que é uma saída para viabilizar operações, principalmente de CRI, em volumes mais baixos – afirmou Deitos.
A Resolução CVM 88 autorizou as plataformas de crowdfunding a levantar recursos para grupos econômicos que faturam até R$ 40 milhões anuais em 2022. Até então, o limite era quatro vezes menor, de R$ 10 milhões, elevando, também, o limite da captação, de R$ 5 milhões para R$ 15 milhões. No segundo semestre do ano seguinte, a CVM atualizou as regras, possibilitando a distribuição de papéis securitizados, como CRIs e CRAs. Deitos conta que as novidades turbinaram o registro de novas plataformas, passando de 32, em 2019, para 82, no terceiro trimestre de 2024.
O Presidente da CrowdInvest informa que os juros das operações imobiliárias ficam entre 17% e 20% ao ano, enquanto o financiamento com recursos da poupança custa de 10% a 13% para grandes incorporadoras. A antecipação de recebíveis, por sua vez, tem juros médios prefixados de 20% e o crédito sem garantias, de 25% a 30% ao ano.
– Neste ano esperamos que não fique muito mais caro do que isso, mas, com a volta do aperto monetário, ainda não temos precificado o que vai acontecer. Está todo mundo pisando em ovos e esperando os movimentos em janeiro e fevereiro – alerta Deitos.