A indústria da construção civil dá sinais cada vez mais evidentes de retomada do crescimento. Especialistas acreditam que o total de lançamentos em 2020, mesmo diante da pandemia do novo coronavírus, possa chegar ao patamar de 2019. Há, inclusive, aqueles que falam que esse número possa ser ainda maior do que o do ano passado. O setor de incorporação fechou o terceiro trimestre com aquecimento de lançamentos e vendas de imóveis.
Segundo o jornal Valor Econômico, as incorporadoras Cury, Direcional, Even, EZTec, Helbor, Melnick Even, Mitre, Moura Dubeux, MRV, RNI, Tenda e Trisul lançaram, em conjunto, de julho a setembro, o Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 5,775 bilhões, com expansão de 29,6% na comparação anual. Isso significa que as vendas cresceram 36,8%, para R$ 5,501 bilhões. Outro número importante: nos últimos 12 meses, até setembro, a prefeitura de São Paulo concedeu 973 alvarás para a construção de novos empreendimentos verticais, número recorde da série histórica iniciada em 2000, segundo o Indicador de Antecedente do Mercado Imobiliário (IAMI) da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe) a partir de dados da prefeitura do município. Se comparado aos 12 meses anteriores, o crescimento foi de 10,4%.
“O setor de incorporação voltou com tudo no segundo semestre. No trimestre, as empresas de média e média-alta renda superaram nossa expectativa, pois o segmento é mais volátil e dependente da macroeconomia”, analisou o Analista do Itaú BBA, Enrico Trotta, para o jornal Valor. “O quarto trimestre deve ser muito forte em lançamentos. Com praticamente um trimestre a menos, há grandes chances de 2020 ser melhor ou igual a 2019”, acrescentou o Analista do BTG Pactual, Gustavo Cambauva.
“O setor de incorporação tem se beneficiado duplamente da queda de juros. Por um lado, o poder de compra aumentou, à medida que as parcelas foram reduzidas e, por outro, muitos consumidores finais e investidores têm destinado à aquisição de imóveis recursos antes destinados à renda fixa. A demanda por imóveis cresce também, segundo analistas, com a busca pela migração para unidades melhores em um cenário de mais valorização de onde se mora como consequência de parte das pessoas estar trabalhando de casa desde o início da pandemia. Também as incorporadoras com foco na baixa renda apresentaram bons resultados operacionais, mas o segmento já tinha demonstrado, no segundo trimestre, ter sido menos afetado pela pandemia de covid-19”, informou o jornal.
Publicado em 03/11/2020