Especialistas estão apostando em uma forte retomada de captações no segmento de fundos de investimentos imobiliários (FIIs), diante da perspectiva de queda de juros, com um corte inicial de 0,25 ponto percentual. Acredita-se que novos aportes podem superar a marca de R$ 30 bilhões neste ano, um salto considerável diante dos R$ 21,4 bilhões registrados em 2022.
As captações de FIIs registraram R$ 6,3 bilhões de janeiro a julho, o que é considerado pelo mercado como um volume muito tímido, no entanto há R$ 12,2 bilhões em ofertas protocoladas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), totalizando R$ 18,5 bilhões, indicando um reaquecimento do setor. “Estamos vendo um movimento de recomposição do valor de mercado dos fundos, o que ajuda a destravar as emissões. O grande gatilho é a baixa dos juros”, disse ao jornal O Estado de São Paulo o sócio e Presidente da Hedge Investments, André Freitas.
Diante da baixa da inflação e do corte de juros, há um movimento natural de migração da renda fixa para a renda variável, na busca por melhor remuneração. Tanto que o Índice de Fundos Imobiliários (Ifix), da Bolsa, já subiu 11% ao longo deste ano. Até abril, esse índice havia caído em torno de 4% por conta das turbulências da economia. Isso significa, na opinião dos especialistas, que fundos de investimentos imobiliários (conhecidos como “fundos de tijolos”) estão ganhando maior participação.
“Segundo os especialistas, os fundos mais propícios hoje para fazer emissões de cotas são dos setores de renda urbana, shoppings e logística. Depois, vêm os fundos de fundos (que aplicam o patrimônio de seus cotistas exclusivamente em cotas de outros fundos imobiliários), os CRIs. No fim da fila estão os fundos de prédios corporativos – que sofrem com a falta de inquilinos e a perda de aluguéis desde a pandemia. A maior captação em andamento é a do fundo CSHG Logística, com um total de R$ 1,4 bilhão, dos quais R$ 960 milhões já foram levantados. O dinheiro irá para a compra de quatro galpões do fundo GTIS Brazil Logistics. Outro grande movimento ocorreu em maio, com R$ 400 milhões levantados pelo novo fundo BTG Pactual para a compra de galpões da Log Commercial Properties, empresa da família Menin. A XP também teve sucesso na atração de recursos para o setor de shopping centers. O fundo XP Malls levantou R$ 375 milhões em junho, e decidiu abrir uma nova oferta em razão da demanda extra de investidores. O dinheiro vai para compra de participação em vários empreendimentos, como o shopping Cidade Jardim”, relata O Estado de São Paulo.
“Acho que o segundo semestre vai ter um volume grande de captações. Não me surpreenderia se passasse de R$ 30 bilhões no ano. Tenho convicção de que, desde meados do segundo trimestre, entramos em um ciclo positivo que deve durar de três a cinco anos. Não significa que o ciclo será linear, mas, sim, deve ter apreciação dos ativos ao longo desse período. Nem de longe o setor está precificado. Os fundos estão descontados, e o momento de precificar só começou”, avalia o sócio e gestor de fundos imobiliários da Vinci Partners, Leandro Bousquet, em entrevista ao O Estado de São Paulo, pontuando que os ativos chegaram a registrar ágio (valor de mercado acima do patrimonial) de 10% a 20% antes do estouro da pandemia.