A autorização do Banco Central para que sociedades de crédito, financiamento e investimento (SCFI) emitam Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) deve reduzir o custo do capital. Especialistas esperam que o papel, isento de imposto de renda para pessoa física, tende a diversificar o funding das financeiras, que no mercado de capitais tinham disponíveis apenas Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Fundos de Investimento em Direito Creditório (FIDCs). Acredita-se que o começo das emissões de LCI será tímido, por conta do juro alto, mas a expectativa é grande.
A permissão para emissão da LCI começou em 1 de julho, tanto para financeiras que atuam com financiamento imobiliário tradicional – compra de imóveis – quanto para quem atua com home equity. “A medida é muito positiva por permitir que financeiras diversifiquem a fonte de recursos, mas não temos uma estimativa do potencial de emissão de LCI. Talvez neste começo, com juros altos, as financeiras comecem a testar o mercado paulatinamente, o produto, aprendendo como operar, construir seu portfólio para algum momento mais favorável de juros, aumentar a velocidade e o volume de negócios. Com a medida, o BC além de ampliar a capacidade do mercado de ofertar crédito imobiliário, fomenta a concorrência ao possibilitar novo instrumento de funding para as financeiras”, afirmou o Diretor Executivo da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), Filipe Pontual.
De acordo com a entidade, em março deste ano havia um estoque de R$ 25,8 bilhões em Crédito com Garantia de Imóvel (CGI), expansão de 25% sobre março de 2024. As concessões naquele mês cresceram 13,5% sobre igual período do ano anterior. Já a B3 revela que no mesmo mês o estoque de LCIs era de R$ 430,4 bilhões, 18,6% sobre março de 2024. “Hoje existem 71 financeiras autorizadas pelo Banco Central, ou seja, o potencial da LCI é bastante significativo para captação de recursos por elas, visando a ampliação da concessão de crédito”, revela a Diretora Executiva da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (ACREFI), Cintia Falcão.
“Como as financeiras representam uma parcela considerável do mercado de crédito, é possível estimar que elas têm potencial de adicionar dezenas de bilhões de reais ao volume total de LCIs emitidas nos próximos anos. Essa expansão, inclusive, pode ajudar a compensar a redução no funding de poupança, o qual caiu de 44% em 2022 para 34% até junho de 2024, conforme dados da ABECIP”, acrescenta Cintia.