Em 2024, informa a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP), os financiamentos imobiliários com recursos da poupança chegaram a R$ 186,7 bilhões, o que significa, segundo a entidade, uma alta de 22,3% sobre os resultados de 2023. Trata-se do segundo maior volume da série histórica, acima das previsões iniciais da ABECIP, que acreditava em um resultado na ordem de R$ 153 bilhões.
Nas operações de crédito imobiliário com as duas principais fontes de recursos (poupança e o FGTS), o resultado é ainda melhor. Os recursos financiados alcançaram R$ 312,4 bilhões, estabelecendo um crescimento de 24,7% em relação ao ano anterior. A ABECIP informa que é o melhor resultado da série histórica; foram entregues 1,17 milhão de unidades habitacionais (alta de 18,3% em relação a 2023).
De acordo com a ABECIP, a alta se sustentou com o crescimento da economia brasileira acima do esperado, o avanço do número de postos de emprego com carteira assinada e aumento da renda da população e pela própria demanda pela aquisição da casa própria. Para 2025, no entanto, a associação espera uma retração em algo em torno de 15% a 20%, com um resultado na faixa dos R$ 155 bilhões. O motivo? Alta dos juros e consequente esfriamento da demanda.
“O mercado imobiliário esteve bastante saudável em 2024, com crescimento dos lançamentos e das vendas de imóveis. Houve uma absorção relevante”, afirmou o Presidente da entidade, Sandro Gamba. O dirigente alertou que a alta dos juros pode pressionar o setor, afetando as perspectivas de financiamento imobiliário e provocando nos ajustes nas taxas de juros. Gamba pontuou que o efeito dos juros não é imediato, e o impacto acontece apenas nos meses seguintes.
Sobre a inadimplência nos contratos de financiamento da casa própria, a ABECIP informou que os índices de 2024 são os menores da história: apenas 1% de toda a carteira, um recuo significativo diante do patamar de 1,4% do ano anterior. “A carteira de crédito imobiliária está bastante saudável. Não podemos afirmar que haverá impacto em distratos neste momento, mas as pessoas vão encontrar taxas maiores nos próximos meses, em comparação com o passado. Então, vamos acompanhar”, garantiu Gamba.
De acordo com a ABECIP, no ano passado a Caixa se manteve como líder de mercado, respondendo por 42,6% do volume total de financiamentos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), financiando um total de R$ 79,6 bilhões para a compra da casa própria. O Itaú Unibanco foi o vice-líder, com R$ 42,5 bilhões (22,9%). Seguem no pódio o Bradesco, com R$ 38,1 bilhões (20,4%), o Santander, com R$ 10,8 bilhões (5,8%); e o Banco do Brasil, com R$ 8,3 bilhões (4,5%). E mais: em 2024 os financiamentos por meio do FGTS somaram R$ 126 bilhões, o que significa, segundo a associação, uma alta de 29%.