O cooperativismo tem se mostrado uma excelente opção de redução de custos no segmento imobiliário, viabilizando o sonho da casa própria em todo o país. Trata-se de uma forma diferente de concessão de crédito, onde toda a operação é realizada em prol dos cooperados, e de fato o financiamento de um imóvel fica bem mais em conta e acessível. Segundo especialistas, um imóvel pode custar até 30% a menos se financiado por meio de uma cooperativa.
Há, espalhados pelo Brasil, exemplos de cooperativas que estão fazendo a diferença. Em Goiás, por exemplo, mais especificamente em Goiânia, a Cooperacinco atua desde 2007 e, nesse tempo todo, já entregou 1.160 unidades habitacionais, está prestes a lançar mais 824 e está construindo outras 433, sempre beneficiando servidores públicos estaduais. “Conseguimos redução de custos, especialmente agora, quando o Índice Nacional dos Custos da Construção [INCC] está abaixo da inflação do setor”, atesta Adonídeo Vieira Júnior, Diretor da Cooperacinco. Segundo ele, a cada novo projeto, uma nova cooperativa é criada, com CNPJ próprio. “Isso ajuda a mitigar riscos de construção e de inadimplência dos empreendimentos”, garante.
Em Santos (SP), a cooperativa Baalbek conta com 7,5 mil associados e desde 2008 já beneficiou 950 famílias. “Vinte por cento das parcelas destinadas para a compra de uma casa vão para o fundo de contingência, que nos protege dos riscos de inadimplência e construção. As sobras não utilizadas da contingência são devolvidas aos associados”, garante o Consultor Técnico da cooperativa, Roberto do Nascimento. “Há muita demanda reprimida”, garante, apostando suas fichas neste sistema. Ele garante que a cooperativa consegue uma redução de 30% no valor das unidades habitacionais ao vendê-las a preço de custo.
A Cooperacinco e a Baalbek são, no entanto, exceções neste cenário. O problema é que a oferta é tímida, já que as cooperativas pequenas não conseguem se desenvolver diante de operações com alto valor e prazos de duração mais longos. A alternativa é a criação de centrais, que fortalecem o cooperativismo ao reunir várias instituições associativas, turbinando sua capacidade de atuação.
A Sicredi, por exemplo, conta com uma carteira de nada menos do que R$ 2,5 bilhões em financiamento imobiliário (SFH e SFI), e registrou uma alta de 19% nos últimos 12 meses. Com especial atuação nas regiões Sul e Centro-Oeste, tem foco no cliente pessoa física. “O Sicredi tem um share of wallet [participação dentro da carteira] de 4%, o que demonstra um grande potencial de crescimento ainda dentro da nossa base”, informa o gerente de produtos de Crédito do Sicredi, Sairon Monticelli Lima.
Lima pontua que o mercado imobiliário busca alternativas de funding complementares, e é aí que o cooperativismo crescerá. “Esse movimento pode beneficiar o setor, especialmente as cooperativas de crédito que operam fortemente com o agronegócio e direcionam a captação em poupança para o crédito rural, com fontes mais acessíveis, que têm potencial de alavancar negócios”, acredita ele.
Por sua vez, a Ailos reúne 13 cooperativas em São Paulo e na região Sul, e sua carteira de empréstimos imobiliários, diz ela, cresceu 57% de 2022 para 2023. “Temos um volume de aproximadamente R$ 400 milhões em créditos imobiliários concedidos e queremos dobrar esse número até o final do ano”, avisa Samuel Rese, Especialista em Crédito Imobiliário da Ailos. “O mercado tem crescido este ano e as cooperativas têm capacidade para absorver boa parte dessa alta”, garante o especialista, lembrando que as cooperativas poderão se beneficiar com as mudanças na legislação de garantias de imóveis