Menos de um terço dos cartórios brasileiros oferece serviços digitalizados, que permitam os trâmites da atividade cartorial por meio da internet. O Brasil conta com algo em torno de 3,6 mil cartórios, e apenas 1.062 são digitalizados, a maior parte localizada em São Paulo. Trata-se de um grande desafio do setor, fundamental para um maior desenvolvimento do crédito imobiliário.
Exatamente por conta de sua importância para o setor, esse desafio foi um dos temas do 98º ENIC – Engenharia & Negócios, promovido recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) em São Paulo. Os principais players da indústria da construção civil discutiram e trocaram ideias sobre a implantação do registro eletrônico e como conduzir a transição do registro de imóveis analógico para o digital.
“Queremos apoio do Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis (ONR) para uma agenda itinerante pelo Brasil, para reuniões com conselhos, associações, sensibilizar aos oficiais de registro que isso é o mundo novo e veio para ficar”, resumiu o Vice-presidente da CBIC, Aristóteles Passos Costa Neto, que mediou o painel sobre o tema.
Oficial do 10° Registro de Imóveis de São Paulo e Diretor geral do ONR, Flaviano Galhardo foi o palestrante sobre o tema. Ele contou que a história do registro de imóveis no Brasil tem 180 anos e que o sistema brasileiro é sólido e “de dar orgulho aos brasileiros”. “Em 2017 surgiu a ONR, órgão criado por lei com todos os registradores de imóveis do Brasil. É uma entidade sem fins lucrativos, regulada pelo Conselho Nacional de Justiça. Temos hoje o Saec (Serviço de Atendimento Eletrônico Compartilhado), com serviços como certidão digital, visualização de matrículas, protocolos, pesquisa de bens e muito mais”, explicou Galhardo.
Segundo Galhardo, a digitalização permite que os custos dos cartórios diminuam em um terço, e ressaltou que a ONR está estudando projetos para estimular a inclusão digital no setor. “Temos cartórios em mais de 1.400 localidades com dificuldades, que faturam menos de R$ 20 mil reais por mês, que precisam de apoio e estruturação para o meio digital. Também estamos melhorando a comunicação para mudar a cultura do papel e do balcão. Tem imobiliária que não aceita a certidão digital, querem o carimbo”, exemplificou ele.
Outra iniciativa considerada muito importante pelo Diretor geral da ONR é a elaboração de um mapa de registro de imóveis do Brasil, que possibilitará a inserção do endereço do imóvel e, a partir daí, será possível localizar matrícula e mais 115 tipos de registros. Ele acrescenta que a entidade está, também, desenvolvendo ferramentas com uso de Inteligência Artificial para análise de dados de registros de imóveis.