Ícones no início dos anos 2.000, os Poupançudos estão de volta mais de 20 anos depois de de lançados pela Caixa para valorizar a poupança e estimular o brasileiro a poupar. No caso, a ideia, agora, é uma só: aumentar a verba disponível para o financiamento da casa própria, cada vez mais em baixa com a queda vertiginosa das aplicações na poupança e os saques cada vez maiores.
A Caixa reeditou a peça publicitária dos Poupançudos, no ar desde 18 de novembro. São monstrengos sorridentes e com cara de gente boa, que estimulam depósitos na poupança do banco. A verdade, porém, é que dificilmente eles conseguirão reverter a situação. Por um lado, a poupança é um dos produtos de renda fixa menos rentáveis, com um retorno anual de 7,35%, ao passo que a taxa de juros é de 11,25% ao ano. Por outro, em setembro, o saldo da poupança da Caixa contabilizou uma alta de 8,1% na comparação anual, enquanto sua carteira de crédito imobiliário cresceu 11,3% no período. Hoje, a Caixa é dono de 37,4% das poupanças do mercado.
A equação é de difícil solução: demanda por imóveis em alta, alto volume de saques da poupança e alta da Selic. De acordo com a própria Caixa, o banco acumula R$ 20 bilhões em financiamentos pré-aprovados na fila de espera, mas tem um saldo de apenas R$ 3 bilhões disponível este ano. Como consequência, a Caixa está prorrogando o vencimento da avaliação, para fevereiro ou março do ano que vem.
Com alguma frequência, executivos do banco estatal dizem temer que não haja dinheiro suficiente para o financiamento imobiliário no ano que vem. Os Poupançudos voltam para a telinha das televisões para tentar ajudar a reverter o quadro. Trata-se, sem dúvidas, de uma tarefa monstruosa.