A CF Inovação, do economista e ex-Diretor do Banco Central, Tony Volpon, quer revolucionar o mercado imobiliário e, para isso, anunciou que ainda neste primeiro semestre do ano lançará a primeira “bolsa do mercado imobiliário”, uma plataforma muito semelhante a uma bolsa de valores, mas que negociará tão somente imóveis e ativos imobiliários por meio de tokens.
De acordo com a empresa, a plataforma já estreará com abrangência nacional e, com a anuência do Banco Central, juntará incorporadores, corretores, imobiliárias, clientes e investidores para negociarem ativos imobiliários, representados por tokens digitais na blockchain, assim como ações na bolsa de valores. “Nosso projeto é muito mais ambicioso do que tem sido feito fora do Brasil. Se der certo, será uma experiência única no mundo”, garante um entusiasmado Volpon, em entrevista ao portal Bloomberg Línea.
Ele frisa que a tokenização permite negociações como compra, venda, aluguel, transferências de posse e fracionamento de imóveis e ativos imobiliários e que o foco do projeto é aumentar a liquidez do mercado e reduzir os custos operacionais das transações, revolucionando-o. “O que vamos oferecer para incorporadoras, corretores e clientes finais é uma maneira alternativa de fazer operações já existentes, como o lançamento de apartamentos, por exemplo. Mas de uma forma fácil, mais acessível e com maior segurança”, explica o economista.
Volpon diz que sua bolsa do imobiliário pretende monetizar sua operação por meio da cobrança de pequenas taxas sobre cada transação realizada na plataforma. Seu primeiro desafio, reconhece, é cooptar os principais players do mercado. “É o problema do ovo e da galinha. Quem oferta não quer entrar com o produto porque ainda não vê a demanda. E quem demanda não vai participar se não houver oferta”, resigna-se o executivo. A CF Inovação, no entanto, anunciou que já estabeleceu uma parceria exclusiva com uma grande imobiliário do Sul do país, que decidiu anunciar exclusivamente na plataforma. O nome não foi revelado.
O sócio da CF Inovação faz questão de dizer que um dos diferenciais de seu projeto é já nascer com o aval do Banco Central. “Não seremos como a Uber, que, primeiro, lançou o serviço, e, depois, ficou brigando com o Governo. Já estamos em conversas com o Banco Central e sobre o Drex”, garante ele. Volpan não revela números, mas diz que serão necessários alguns milhões de reais para bancarem o projeto. E revela que sua bolsa do imobiliário começará a operar ofertando dois tipos de tokens, um para compra na planta e o ouro referente ao direito ao crédito imobiliário. “O token é uma alternativa de financiamento que vem em um momento de grande dor do setor com a escassez dos recursos da poupança, especialmente para pequenas e médias incorporadoras. Em conversas com incorporadores, ouvimos que eles podem gastar de 10% a 20% do valor geral de vendas na tentativa de comercializar o produto. Nós, com certeza, conseguimos baixar esse custo”, acredita.
Volpan faz questão de falar sobre a atuação do corretor, que será o responsável por oferecer os tokens ao cliente final. Ele diz que este profissional atuará, na verdade, como um verdadeiro assessor de investimentos. Segundo o executivo, em um primeiro momento será importante que o corretor que atuar na plataforma tenha alguma familiaridade com criptoativos, mas a empresa pretende oferecer uma formação para aqueles que quiserem atuar na plataforma. O Brasil conta com 400 mil corretores, mas apenas 3,5 mil estão registrados para operar tokens imobiliários, informa a plataforma Bloomberg Línea.
Por fim, Volpan faz questão de dizer que a tokenização facilitará negócios com outros países, promovendo a internacionalização do mercado imobiliário brasileiro. “Hoje em dia, corretores americanos olham para o mercado brasileiro, e vice-versa, mas não existe essa facilidade de compra. Dentro da plataforma, um estrangeiro poderia comprar um imóvel com uso de stablecoins. É uma facilidade”, determina ele, acrescentando que não descarta a ideia de levar essa tecnologia para outros países.