Braço de investimentos alternativos do Itaú Unibanco, a gestora Kinea informou ao mercado que pretende ofertar, ao longo deste ano, R$ 2 bilhões para financiar empreendimentos imobiliários. De acordo com a gestora, o valor é maior do que o montante acumulado dos dois últimos anos, que chegou a R$ 1,5 bilhão, e será destinado para incorporadoras financiarem a compra de terrenos, as obras e prover capital de giro para carrego de estoques de apartamentos cuja construção foi finalizada mas não foram vendidos.
A Kinea utilizou essa mesma estratégia em 2021, com o objetivo de crescer no vácuo deixado por bancos grandes e tradicionais neste mercado: compressão das linhas de empréstimo bancário que contam com recursos provenientes das cadernetas de poupança, cujos saques estão crescentes. Sócio e gestor de fundos da Kinea, Carlos Martins disse, em entrevista ao Estadão Broadcast, que “tal situação fez os bancos enxugarem a oferta de crédito imobiliário e subir as taxas, o que tem dificultado o acesso das incorporadoras a essas linhas. Aí, o mercado de capitais aparece como uma alternativa. Para as empresas interessadas nessa modalidade, a Kinea propõe a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que serão alvos de aportes dos fundos setoriais da própria gestora”.
Após alcançar o recorde em 2021 (R$ 205 bilhões), o crédito imobiliário via poupança recuou em 2022 (R$ 179 bilhões) e, para este ano, a projeção é que fique na faixa dos R$ 156 bilhões, aponta a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Os demais instrumentos de crédito, que abrangem os certificados e letras imobiliários, ganham um espaço cada vez maior. A caderneta respondeu por 40% do crédito setorial em 2022 contra 46% em 2021. Já os demais instrumentos chegaram a 34% ante 27% no ano anterior, pontua a entidade.
De acordo com a Kinea, desde que passou a atuar no mercado de financiamento via CRIs, em 2021, já foram estruturados 86 projetos, com valores a partir de R$ 30 milhões. Um exemplo recente foi a concessão de R$ 250 milhões para a Moura Debeux, que financiam a construção de quatro projetos imobiliários no Nordeste. A gestora informa que os fundos de CRIs têm apresentado forte crescimento em seu portfólio e respondem por R$ 16 bilhões do total de R$ 23 bilhões aplicados no setor imobiliário. Ao todo, a gestora detém R$ 73 bilhões em ativos sob gestão nas áreas de infraestrutura, agronegócios, capital privado, multimercados, entre outros.